O título bastará.

Quando começo um projeto, sempre tenho um apelido para me referir a eles, mas quando eles estão prontos e tenho que dar um nome para mostra-lo a clientes, colocar no portfólio, a coisa toda se complica. Um nome é alguma coisa especial, temos que dar um nome que resume o produto, que por si só fale o que é.
Só eu tenho essa dificuldade? Um filho a gente fica 9 meses pensando qual será o seu nome, e cada projeto, pra mim, é como um filho, que tenho só algumas semanas (quando muito) para dar-lhe um nome, que lhe venda.

Sobre isso Saramago escreveu no seu blog, mas para nomes de livros, mas acredito que são muito parecidos.

Livro

By José Saramago

Estou às voltas com um novo livro. Quando, no meio de uma conversação, deixo cair a notícia, a pergunta que me fazem é inevitável (o meu sobrinho Olmo fê-la ontem): e qual vai ser o título? A solução mais cómoda para mim seria responder que ainda não o tenho, que precisarei de chegar ao fim para me decidir entre as hipóteses que se me forem apresentando (supondo que assim seria) durante o trabalho. Cómoda, sem dúvida nenhuma, mas falsa. A verdade é que ainda a primeira linha do livro não havia sido escrita e eu já sabia, desde há quase três anos (quando a ideia surgiu), como ele se iria chamar. Alguém perguntará: porquê esse segredo? Porque a palavra do título (é só uma palavra) contaria, só por si, toda a história. Costumo dizer que quem não tiver paciência para ler os meus livros, passe os olhos ao menos pelas epígrafes porque por elas ficará a saber tudo. Não sei se o livro em que estou a trabalhar levará epígrafe. Talvez não. O título bastará.

Em: O caderno de Saramago
"Nada pode o olvido, contra o sem sentido apelo do não."
Camila
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